domingo, 18 de abril de 2010

Frases soltas



Era uma quarta-feira qualquer quando um panfleto, trago pelo vento, grudou na minha canela. Peguei, li sem dar muita atenção para as galochas ecológicas que estavam sendo anunciadas. “Não é exatamente o tipo de coisa que se procura às nove e meia da manhã quando se tem uma barriga faminta”, pensei. Mas no momento que achei a lata de lixo, me dei conta do verso da folha. Em linhas tortas as letras de forma me desejavam “bom dia”, daqueles sinceros!
Sempre fui de perder em pensamentos. E não tem nada que prende mais minha atenção do que registros que correm por aí. Eles despertam emoção e me lembram, no meio de um dia corrido, que esse mundo é, sem sombra de dúvida, fascinante. Cartas que atravessam oceanos em garrafas, palavras e imagens em paredes, frases animadoras em notas de dinheiro (sei que é desrespeitoso, mas adoro ver esse tipo de intervenção).
A que me recordo agora, estava escrita em lixeiras, postes e calçadas que contornavam a praça da Liberdade. Numa caligrafia de estética estranha e pintada em preto dizia: “Dê mais amor”, dessa maneira mesmo, sem pontos e de forma insistente, como todo apaixonado gostaria de dizer em alto e bom tom, como todo amor romântico e dramático permitiria.
Penso na história dessas pessoas. O que as levaram a fazer isso? Tento imaginar, baseado em esteriótipos, como elas seriam e me frustro… Mas fico contente por ainda existir quem protesta, quem leva a sério suas declarações, quem pronuncia, mesmo sem assinaturas, seus sentimentos. Minha vontade era de abraçá-las e agradecer. Afinal, aquela quarta-feira sem importância seria mais um dia, sem “bom dia”, se o vento não tivesse me escolhido.

3 milhões de comentários:

Tábatha C. disse...

Que lindo! Sem dúvida alguma, ler esse texto fez minha segunda-feira fica menos cinza, menos quase, menos morna.
Vou dormir com o coração tranquilo por, mais uma vez, ter certeza de que nesse mundo fascinante, existem pessoas fascinantes que dão valor às mesmas coisas que eu.
Porque, afinal, o amor é importante, porra!

Saudades imensas!

Anônimo disse...

O particípio passado de trazer não é trago e sim trazido. Leia mais. Seu português é pobre.Você quer ser jornalista e se dedicar às "comunicações". O plural é meio pobre: mas você tem uma qualidade imensa. É jovem. Tem tudo por aprender. Muito embora já vista a roupagem de crítico sem possuir repertório.

moderador disse...

Nossa! Muito lindo mesmo! A vontade que tive foi de sair escrevendo nas paredes de minha casa, fronhas de travesseiro, lençóis e em tudo que me rodeia!