sábado, 14 de novembro de 2009

Resta Um


Uma hora o amor vai embora! A casa nem o bom sexo farão mais sentido. Alguns bilhetes de amor serão abandonados. Na realidade, as fases em que viveram na boa casa e compartilharam um sexo devasso, terão gosto de mentira. Caixas de papelão guardam objetos desapegados e outras camas serão compradas.

Lá estava ela de branco, amedrontada, no ano de 83, caminhando em passos lentos, apoiada em um punhado de flores. Enquanto ele a esperava, com mãos geladas e batidas fortes do coração, já que nunca se sentiu confortável em situações de grande exposição.
Sem mesmo saberem o porquê de todo aquele ritual, disseram sim! E outros sim(s) foram dados ao longo dos anos de casados. Tiveram filhos, mudaram de algumas casas, viajaram em férias, reclamaram de contas, conheceram as crises de ciúmes. Enfim, nessa gangorra do humor, a indiferença encontrou um bom motivo para passar uma temporada.
O desligamento chegou pelas extensas horas de sono, da falta de diálogo, da perda da admiração, do pouco interesse no outro e até mesmo das poucas amizades em comum. Tão previsível como os clichês o “tarde demais” já estava construído.
De lá para cá outro universo, pele e sentimento estavam sendo explorados. E o jogo de par terminava restando um. Sábio Picasso ao dizer que levou toda a sua vida para saber pintar como uma criança.
Levamos anos das nossas para fazermos promessas em cima de um altar pensando que estamos descobrindo algo novo. No entanto esse sentimento já se revelava nas cantigas de rodas que nos divertiam na infância. É difícil admitir, mas chega uma hora “que o amor que em ti eu tinhas era pouco e acabou”!